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26 de setembro de 2012


Comecei a mentir por precaução, e ninguém me avisou do perigo de ser precavida, e depois nunca mais a mentira descolou de mim. E tanto menti que comecei a mentir até a minha própria mentira. E isso – já atordoada eu sentia – era dizer a verdade. até que decaí tanto que a mentira eu a dizia crua, simples, curta: eu dizia a verdade bruta. 

Este fragmento de “Sem aviso”, texto assinado por Clarice Lispector, é citado por Silviano Santiago no texto "Meditação sobre o ofício de criar" (Gragoatá, 2011.A imagem é de Edward Lear(provavelmente coletei na internet, mas infelizmente esqueci a fonte, se alguém souber, por favor, me avise).

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