
ANTELO, Raúl. Maria com Marcel: Duchamp nos trópicos.
Belo Horizonte: Editora UFMG, 2010.
Resenhado por: Maria Salete Borba
Publicado na Revista Organon
Título: Maria com Marcel ou releituras da
modernidade periférica
Em Maria com Marcel: Duchamp
nos trópicos (Editora UFMG, 2010), de
Raúl Antelo[1], professor
titular de Literatura Brasileira da Universidade Federal de Santa Catarina, encontramos
uma leitura da história da América Latina pelo viés da arte, dos agenciamentos entre
literatura e outras formas artísticas, por exemplo, a escultura
barroco/surrealista de Maria Martins. Ou podemos dizer também, que Antelo nos
apresenta uma relação entre “corpos” atravessada pela filosofia, psicanálise e
pela história cultural, como afirma ao dizer que seu livro “é uma leitura do
corpo e do mundo” (p.10). Em Maria com
Marcel, encontramos além da reconstituição da estada de Marcel Duchamp em
Buenos Aires, na primeira metade do século XX, mais especificamente de setembro
de 1918 a
junho de 1919, a
consolidação das investigações de Antelo em torno da teoria da modernidade.
Assim, vislumbramos ora o labirinto constituído pela pesquisa, pela exposição
do arquivo realizada pelo professor/arqueólogo/curador, ora aquele labirinto lido
a partir dos contatos com os escritos de Georges Bataille, especialmente os
textos publicados na revista Documents.
Como sabemos muito já se falou de Maria
com Marcel desde seu lançamento
em língua espanhola pela editora Siglo Veintiuno em 2006. Porém, poucos sabem
que Maria com Marcel foi escrito em
português, e que a versão em espanhol é uma tradução do professor argentino
Mário Câmera, como revela em conversa Raúl Antelo.
Alguns críticos além de apresentarem os méritos da obra, dialogam
reafirmando o respeito e o reconhecimento pelo trabalho do autor de Potências da imagem (Argos, 2004). O catedrático
de História da Arte na Universidad de Buenos Aires José E. Burucua registrou
seu reconhecimento em reportagem para o site oficial da Universidade Federal de
Santa Catarina, onde declara que “se trata de un texto de tal riqueza de inventiva, de
tal capacidad de demostración de las conexiones históricas entre los diversos
campos de la cultura, que podría considerárselo uno de los mayores ejemplos
mundiales de la historiografía cultural."[2]
A professora de Literatura Brasileira da Universidade de São Paulo,
Eliane Robert Morais, na resenha “Sulrealismo à vista”[3],
sublinha alguns pontos relevantes de Maria
com Marcel. Por exemplo, o fato de Duchamp ter qualificado a sua passagem
por Buenos Aires “aborrecida, mas produtiva”, e que a maioria dos críticos
detiveram-se somente no primeiro termo, enquanto que Raúl Antelo debruça-se,
justamente no segundo, reivindicando a atenção para a produtividade, conforme
explica a autora de Lições de Sade:
ensaios sobre a imaginação libertina (Iluminuras, 2006): “[u]m bom exemplo está
na conhecida Mona Lisa de bigodinhos e cavanhaque, à qual Duchamp acrescentou
as iniciais L. H. O. O. Q. que, pronunciadas em francês, produzem um som
semelhante ao da expressão brasileira "ela tem fogo no rabo".” Moraes
continua sua leitura enfatizando que “[d]atado de 1919, logo após o retorno de
seu criador à França, esse "ready-made" [L. H. O. O. Q. ] pode ter se
alimentado dos novos meios culturais de massa que aportavam na Buenos Aires
daqueles anos. Entre as novidades
que anunciavam a modernização da cidade, com forte impacto sobre o gosto médio
urbano, estava a marmelada La Gioconda, doce comercializado em lata redonda,
com o ícone de Leonardo estampado em série, que pode ter sido para Duchamp o
mesmo que viria a ser a sopa Campbell's para Andy Warhol.”
Já Analía Gerbaudo da Universidad
Nacional del Litoral-CONICET, no texto “Poscrítica y teoría literaria en
América del Sur: apuntes a propósito de una obra”,
detem-se na leitura do procedimento de Raúl
Antelo, o qual é incluído no termo pós-crítica: “Antelo desmantela el
binomio centro / periferia a partir de la lectura de los procesos que generaron
las modernidades y de la reconstrucción de las operaciones de la teoría y de la
crítica latinoamericanas.” Afirma ainda que “a partir de otros datos, esta
posición de Antelo se dejaba entrever en Tempos
de Babel. Anacronismo e destruição y también en María con Marcel. Duchamp en los trópicos: hay en la sólo aparente
periferia la emergencia de acontecimientos o fenómenos que, desatendidos hasta
cierto momento de la historia, revelan [...] la necesidad de volver a
cartografiar la zona.” Tal cartografia, assinala Gerbaudo, é “tarea que sólo
una ¨insuperable desconfianza¨ y una ¨disponibilidad permanente para reconocer
que todo en ella puede estar equivocado¨[4]
permiten realizar.” Ainda em seu texto Analía Gerbaudo lembra e cita outro
crítico argentino, Daniel Link: “En María
con Marcel se dejaba leer la hipótesis, extravagante y por eso mismo,
encantatoria, de que Duchamp no habría llegado a nada sin la experiencia de lo
americano (una categoría que incluye, o debería incluir, por supuesto, a los
Estados Unidos).”
Eduardo Sterzi poeta, jornalista e professor também escreve em 2006, por
ocasião da primeira publicação de Maria
com Marcel, a resenha “Com Maria e Marcel, à margem”[5]. Em
sua resenha o autor de Prosa (2001) destaca
como Raúl Antelo desde Na ilha de Marapatá
(1984) até Maria com Marcel vem lendo
os possíveis laços entre política e cultura. Para tanto, Sterzi lê nesta suposta
continuidade da narrativa a certeza de que Antelo em Maria com Marcel vem “escrever a história daquilo que, em outro
ensaio, designou “contra-modernidade pós-nacional das margens”. (p.5) Para
tanto, justifica Sterzi a convocação que Antelo faz de uma infinidade de
artistas, filósofos entre outros esquecidos pela história: “entre os
brasileiros, não só Maria Martins, conduzida finalmente à posição destacada que
sempre lhe coube na cultura do século XX (e isto em dimensão planetária, não só
nacional), mas também Flávio de Carvalho e Raul Bopp.” (p.5) Sterzi lembra,
também, o repertório de artistas estrangeiros que habitam o livro dedicado a
Duchamp: “entre os de fora, o catálogo de nomes é proliferante, indo do
antropólogo alemão Robert Lehmann-Nitsche [...] ao poeta e artista caboverdiano
Antonio Pedro (introdutor do surrealismo em Portugal, amigo de Duchamp),
passando, no caminho, por inúmeras iscas – nomes de autores, títulos de obras –
para futuras leituras e releituras.” (p.5)
Ainda sobre a edição em língua espanhola, lemos a resenha[6] de
Luis Othoniel Rosa, professor
na Duke
University, onde é trazido à tona Raúl Antelo enquanto curador de momentos
históricos. Em sua resenha Rosa aproxima Antelo de Borges fazendo referência ao
colecionador enciclopédico que se transforma num “curador de un archivo
paranoico, y, como Borges, su escritura se sostiene en su comentario a lo labor
del otro, aunque ese otro sea un Pierre Menard, efectivamente convirtiendo al
curador en artista.” Nesta galeria Luis Othoniel Rosa lê
três momentos ou motivos argumentativos: “[e]l primer motivo yace en una suerte de teoría de la
imagen en las vanguardias frente a la modernidad. [...] El segundo motivo es la
mirada sobre el primitivismo, y sobre el mundo no occidental, sobre una búsqueda
de mundos que no se rigen por los principios del individuo liberal de la
modernidad occidental. [...] El tercer motivo, muy ligado al segundo, es
entonces el aspecto periférico de las vanguardias.”
Dando continuidade a essas leituras que enfatizam ora detalhes da obra,
ora a importância do método do crítico, podemos sublinhar que além do que já
foi escrito há vários outros aspectos que podem ser comentados em Maria com Marcel: Duchamp nos trópicos.
Logo na introdução, “O vidro e os insetos”, somos colocados em contato, tanto
com os objetivos, quanto com as questões teóricas que vão atravessar o livro. Nas
primeiras linhas Raúl Antelo esclarece que o propósito do livro “é reconstruir
o sistema de saber de um conjunto heterogêneo, quando não abertamente
miscelâneo, de objetos culturais que guarda estreita relação com a cultura
latino-americana.” (p.9) Além de deixar claro que se trata de material
heterogêneo e da América Latina, Antelo acrescenta que “[o] eixo ao redor do
qual gira toda a construção é a figura de Marcel Duchamp (1887-1968). (p. 9)”
No entanto, é importante frisar o destaque dado a escultora Maria Martins, que
nos é apresentada não somente como musa inspiradora de Duchamp, mas,
principalmente, como uma artista multifacetária
como lemos nas palavras de sua filha Nora Martins, que servem de
epígrafe para o terceiro capítulo de Maria
com Marcel: “O impossível”.
Minha mãe, Maria, foi muitas pessoas na
verdade. Para começar, ela era muito bonita, o que ajuda, e era uma escultora,
uma artista, uma excelente embaixatriz, uma poeta, uma escritora e foi
extremamente interessada em tudo. Era curiosa. Queria aprender. Costumava dizer
que o dia em que você para de aprender, você morre. Foi uma pessoa complexa e
cheia de charme.(...) (p.117)
Antelo, por sua vez, nos apresenta uma Maria batailleana, que além de
“aplicar os preceitos de forma cunhados por Apollinaire” (p.138), lê o
nascimento da arte como Bataille, nas grutas.
As mais remotas épocas nos legaram pintadas,
esculpidas ou gravadas, imagens que nos transmitem, até hoje, a magia de suas
religiões, de seus mitos, de suas lendas, de seus ódios e de seus amores.
Aqueles homens incipientes, em contínua e acerba luta com a natureza, cercados
de perigos sempre novos, sedentos de beleza, semearam nas cavernas escuras,
onde viviam, as primeiras obras de arte. (p.138)
Assim, outra face de Maria Martins nos é revelada, tal como Raúl Antelo
sublinha quando comenta os parâmetros da crítica brasileira representada por
Mário Pedrosa, seguidor de Greenberg, que lê na escultura de Martins uma falta
de monumentalidade. Além disso, afirma Pedrosa que “[e]la [Maria Martins] tem
da escultura uma concepção literária e, por isso mesmo, romântica.”(p.137) Ou
seja, ao contrário de Mário Pedrosa, Raúl Antelo rearma a leitura e lê Maria
Martins apontando justamente o que é ignorado por Pedrosa a erudição, os contatos que além de brilho e
grandiosidade, dão consistência ao trabalho da escultora.
Por essas leituras instigantes que Maria
com Marcel aguça a curiosidade do leitor a cada página. Antelo continua
neste ritmo capítulo afora e presenteia o leitor com uma Maria muito mais
exuberante, ultrapassando tanto a alcunha da embaixatriz, quanto a da amante de
Duchamp. Neste livro, Maria Martins é amante das artes, do orientalismo ao
mesmo tempo em que se aproxima da filosofia, do hiper-historicismo nietzschiano.
A Maria Martins que fica depois da leitura de Maria com Marcel é aquela que ultrapassa todas as classificações,
que está além do romance, que se despe nas trocas intelectuais com Marcel
Duchamp, conforme lembra Antelo:
Não nos esqueçamos das linhas em que Marcel Duchamp
descreve o ato de criação como uma sorte de fusão nietzschiano-heideggeriana.
Por isso não surpreende que, ao ser interrogada sobre a questão da duração e da
eternidade, Maria Martins fale pela boca de Duchamp ou que, ao contrário,
quando Duchamp queira pensar o para além da matéria, lembre do conselho de
Maria.
Com
efeito, em uma entrevista concedida a O
jornal (Rio de Janeiro, 9 nov. 1956), a escultora diz: “Tenho alma de
cigana e ser-me-ia profundamente ingrato ter que firmar pés na terra, em
determinado lugar, até a visita da morte (aliás, não morremos, são os outros
que morrem)...” A frase, como sabemos, será copiada por Duchamp como seu
epitáfio, “...et d’ailleurs/ c’est toujours les autres qui meurent”. (p. 141)
Nesse ínterim, vale lembrar também de alguns pontos estruturais deste
livro, que ainda na introdução, traz à baila a Buenos Aires marcada pela Greve Geral,
que ficou conhecida como Semana Trágica e aproxima, assim, Pinnie Wald, o
presidente da Rebelião Maximalista argentina de janeiro de 1919, de Marcel
Duchamp. Na edição brasileira, esta seção nos é apresentada escandida em cinco
partes: “Pesadelo e retorno”, “Movimento e comunidade negativa”, “Dados”, “O
encontro do objet-dard” e “Mise à nu ou desnudamento”.
O livro dedicado a Marcel Duchamp está dividido em seis capítulos: Anarquismo,
anartismo; A imagem líquida e os espelhos; O impossível; Hasard, Hagard; A
condição acefálica: Duchamp e António Pedro e Washington & Bolívar: alegorias
de gênero e origem; Capítulos que são atravessados pelo encontro amoroso de
Marcel Duchamp com a escultora Maria Martins. Deste encontro amoroso que Antelo
rearma o processo artístico do autor de Dados
(1947), ao mesmo tempo em que reconstitui
o percurso da arte latino americana frente à vanguarda europeia. Nesse
processo, em Maria com Marcel o vazio
na forma de aborrecimento relatado por Duchamp em suas correspondências durante
a estada na capital portenha é lido, por Raúl Antelo pelo viés da erudição,
aproximando arquivos e pessoas. É, sempre pela erudição que Raúl Antelo expõe,
esclarece, e ao mesmo tempo torna a passagem de Marcel Duchamp pela América
Latina ao invés de “aborrecida”, excitante e reveladora. Dessa maneira, Antelo
traz para a discussão não somente o que já está consolidado pela crítica, mas
especialmente o que foi esquecido, o lado periférico de todo o processo de
Duchamp, o qual está totalmente relacionado aos meses que passara em Buenos Aires.
O leitor depara-se, também, com um
palimpsesto composto por imagens e textos, por construções que mais que narrar,
apresentam um procedimento ímpar de reler/ escovar a história a contrapelo,
como lemos nas teses sobre a história de Walter Benjamin[7].
Na edição brasileira temos o privilégio de contar com algumas alterações
e acréscimos que contribuem e completam a edição anterior. Por exemplo, no
segundo capítulo “A imagem líquida e os espelhos”, foi acrescentado o texto:
“Mar, mãe, monumento”, que por sinal é belíssimo. Neste texto, Antelo relaciona
a figura do mar com referências da cultura de massa, por exemplo, a ampola de 50cc de ar de Paris (1919) ou a poesia
de Charles Baudelaire: “O mar é teu espelho, tu contemplas tua alma/ no
desenrolar infinito de sua vaga/ E o seu espírito não é um abismo menos
amargo.” O autor de Ausências (2009)
lembra, também, que a nova “teorização da modernidade é objeto da poesia, mas,
simultaneamente, também da psicanálise.” Assim, com as imagens do mar na
modernidade, Antelo mostra, que mais que uma teoria crítica, há em Duchamp “uma
teoria do sujeito para além da biologia e, ao mesmo tempo, aquém da
animalidade”. (p.82) Às imagens do mar são adicionadas a leitura de Sigmund
Freud e Jacques Lacan, que nos levam a outras imagens e textos onde lemos Man
Ray com Cruz e Souza e Mário de Andrade. Antelo, por sua vez, não deixa passar em
branco, também, as experiências visuais do pintor Victor Meirelles:
Antes mesmo das especulações de Duchamp ou Man Ray, a
respeito do mar, o pintor Victor Meirelles realizou, com esse intuito, entre
1886 e 1888, um “Panorama circular da cidade do Rio de Janeiro”, que seria
exibido em 1899 na Exposição Universal de Paris, seguido, em 1894, de outro
panorama, “Entrada da Esquadra Legal”. Um anúncio da época alardeava tratar-se
de “grande tela panorâmica de 115m de comprimento por 14 e meio de largura”,
cujo efeito extraordinário “produz no espectador a mesma impressão de
realidade, como se o observador estivesse no lugar verdadeiro”. (p.87)
Para finalizar a discussão sobre o mar, Raúl Antelo traz à baila o
erotismo e com ele o escritor Rubén Darío, e finaliza com um poema de Haroldo
de Campos “Thalassa, thalassa” que pode ser conferido na página 89 de Maria com Marcel.
Há, ainda, o acréscimo do texto “Xul e Maria”, no quarto capítulo “Hasard,
Hagard”, em que Antelo nos presenteia com a transcrição do texto “A cobra
grande” de Xul Solar, lembrando que o escritor argentino era “aplicado leitor
da rapsódia de Mário de Andrade, [e por isso] não deve surpreender que Xul
associe, em sua versão, a Cobra Grande à Via Láctea e, mais importante talvez
do que isso, aos fins de nossa análise, o texto mostra o transformismo
hermafrodita do animal totêmico, bem ao gosto de Maria Martins.” (p.175)
Na conclusão, também foi acrescentado outros fragmentos: “Imitação,
sugestão, sensação”; “VERS. Rumo à história futura”; “Estereoscopia de Buenos
Aires”. E foi retirado suprimido da edição brasileira “Nudos”, um glossário em
que alguns termos “infraleve”, “máquina celibatária o soltera”, “ready-made”, “retard”, “regard” e
“sociedad anônima” são esclarecidos na forma de verbetes, por exemplo:
Regard. Mirada. A partir de los artilugios ópticos
surrealistas, la mirada opera según tres modos. Hay uma mirada ontogenética, que
es la mirada del dios creador, en que el objeto emerge como producto de uma
contemplación sin existencia previa, gracias a la cual los objetos adquieren
materialidad fantasmática y antinaturalista. Hay además uma mirada
catalogadora, em que el ojo, como
demiurgo platônico, provoca alteraciones, especulaciones, simulacros. Pero hay
em fin una mirada que recorta y aísla, en que el ojo se comporta como una
máquina fotográfica. Este registro, que engloba a los anteriores, observa el
mundo como un reservorio de posibilidades de tal modo que el unverso entero se
transforma en un ready-made. En
registro se consolida la aventura anti-ocularcéntrica.
Por isso pode-se dizer que o livro que tem como pano de fundo o romance
entre Marcel e Maria, é apaixonante, sim, porque mais que narrar uma história
de amor modelada em cera e desejo, Raúl Antelo nos apresenta e nos envolve numa
leitura em que a arte do século XX brota, explode como numa primavera que por
si só expõem os contatos, o que acaba colocando o romance dos protagonistas em
segundo plano. Por isso, mais que apresentar uma leitura singular da
modernidade via América Latina, Maria com
Marcel demonstra como é possível por em movimento arquivos, histórias,
dados e procedimentos. Além do mais, para finalizar, pode-se afirmar que Maria com Marcel é um livro denso,
erudito, sim! E, além disso, reivindica mais que leitores disciplinados, requer
leitores que se deixem envolver, que se permitam compartilhar, tanto a
tragédia, quanto as bodas, tanto o desejo, quanto a espera.
[1] Foi professor visitante nas Universidades de Texas em
Austin, Yale, Duke, Autónoma de Barcelona e na Universidade de Leiden. Foi
bolsista Guggenheim Fellow é
bolsista de Produtividade em Pesquisa do Conselho Nacional de Desenvolvimento
Científico e Tecnológico (CNPq) nível 1A. Publicou vários livros, dentre eles,
Algaravia. Discursos de Nação (Editora da UFSC 1998); Transgressão &
Modernidade (Editora da UEPG 2001); Potências
da imagem (Argos 2004); Maria
con Marcel. Duchamp en los Trópicos (Siglo
XXI 2006); Tempos de Babel: anacronismo e destruição (Lumme Editor 2007); Crítica
Acéfala (Grumo 2008) e Ausências (Editora da casa 2009); Maria com
Marcel. Duchamp nos Trópicos (Editora
da UFMG 2010). Editou também a Obra Completa de Oliverio Girondo (ALLCA XX – UNESCO 1999); Ronda
das Américas de Jorge Amado (2001) e Antonio
Candido y los Estudios Latinoamericanos (Instituto
Internacional de Literatura Iberoamericana 2001); A Alma
Encantadora das Ruas de João do Rio
(1997). Recebeu o Prêmio Pesquisador Destaque 50 Anos UFSC, da Universidade
Federal de Santa Catarina (2010).
[4] Tempos de Babel: anacronismo e destruiçao.
São Paulo: Lumme, p.9.
[5] “Com Maria e Marcel, à margem” foi escrito em
setembro de 2006 – por ocasião do lançamento da edição argentina de Maria con
Marcel. Duchamp en los trópicos – e publicado no quinto número do K – Jornal de
Crítica. A tradução da resenha foi publicada no Sopro, n. 36 (http://culturaebarbarie.org/sopro/n36.pdf)
por ocasião da tradução brasileira ampliada de Maria com Marcel. Duchamp nos
trópicos, pela Editora UFMG.
[7] BENJAMIN,
Walter. “Sobre o conceito da história”. In. Magia
e técnica, arte e política: ensaios sobre literatura e história da cultura.
Tradução Sérgio Paulo Rouanet; prefácio Jeanne Marie Gagnebin. 7 ed. São Paulo:
Brasiliense, 1994. (Obras escolhidas; v.1)
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