nena borba

Meu pai é um homem à moda antiga.

Na maioria das vezes acredita que toda experiência advém da prática.

Certo dia, eu ainda era criança, fomos, ele e eu de ônibus, fazer uma

visita ao meu avô (pai do meu pai), que sempre chamei de padrinho, pois a madrinha, madrasta de meu pai,  estava doente.

Lembro-me de minha mãe me arrumando e eu toda feliz pronta para um domingo diferente, iria “sozinha” com meu pai visitar meus avós.

Entramos no ônibus.

Meu pai ficou em pé conversando com o motorista, e disse para eu me sentar com uma senhora num dos bancos.

Lá fui eu obediente... e como uma menina esperta passei a conversar pensando que estava impressionando a senhora com minhas respostas.

Daí, ela falou, chegou o meu ponto, tenho que saltar...

Olhei para a frente, não vi o meu pai...

Levantei. Perguntei ao motorista onde ele estava. O motorista levou um susto quando me viu. E disse para eu me sentar no banco da frente, pois meu pai já havia saltado há alguns pontos... fiquei quieta e, novamente, obedeci.

Quis chorar, mas segurei as lágrimas pois não queria que ele me visse chorando.

Passei a tarde toda sentadinha, olhando a paisagem e o pó da estrada acumulando-se no painel do ônibus.

Lembro ainda do salgadinho de cebola que o motorista, amigo de meu pai, me deu.

Minhas mãos gordurosa e cheirando a cebola, que por sinal eu detestava, mas a fome não tinha me dado outra opção.

Quando estávamos perto do ponto onde meu pai embarcaria o motorista, amigo meu, disse para eu sentar-me nos bancos de trás pois ele queria dar um susto no meu pai.

Quando meu pai me viu, sorriu e disse:

- Eu só não peguei um táxi e fui atrás do ônibus porque sabia que você não sairia do ônibus e que estavas sendo guiada por um amigo.

E assim, depois daquele dia nunca mais tive medo de viajar sozinha, pois sempre lembro que sou guiada por um amigo e que meu pai vai estar sempre me esperando, mesmo quando não nos despedimos... E assim, é! E hoje eu o abracei como naquele dia, como sempre nos abraçaremos!  Feliz dia dos pais!