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1 de fevereiro de 2014

(Mas, talvez seja preciso lembrar: a leitura é uma felicidade
que exige mais inocência e liberdade do que consideração.
Uma leitura atormentada, escrupulosa, uma
leitura que se celebra como os ritos de uma cerimônia sagrada,
coloca de antemão sobre o livro os selos do respeito
que o fecham pesadamente. O livro não é feito para
ser respeitado, e "a mais sublime das obras-primas" encontra
sempre, no leitor mais humilde, a medida justa
que a torna igual a si mesma. Mas, naturalmente, a facilidade
da leitura não é, ela mesma, de acesso fácil. A prontidão
do livro a abrir-se, e a aparência que ele conserva
de estar sempre disponível- ele, que nunca está ali -, não
significa que esteja à nossa disposição, significa antes a
exigência de nossa completa disponibilidade.)

Blanchot, Maurice. O livro por vir. p.129.

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