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30 de julho de 2014

Contatos e contágios: escrituras sobre Valêncio Xavier

Este livro é o resultado do Simpósio 30 anos de O mez da grippe: contatos e contágios, realizado em Florianópolis em 2011.
O mez da grippe é um livro em que Valêncio Xavier retoma algumas características próprias do fazer moderno e “brinca” com a ficção e a realidade. Este jogo moderno é constituído de fragmentos, de textos, de imagens de textos, ou de recortes. Valêncio Xavier incorpora magistralmente os mais variados recursos plásticos e jornalísticos, o que faz de O mez da grippe um exemplo de escritura, tal como nos ensinou Roland Barthes. Desse modo, a “novella” de Valêncio Xavier “é uma galáxia de significantes, não uma estrutura de significados; não tem início; é reversível, nele penetramos por diversas entradas, sem que nenhuma possa ser considerada principal”. (Barthes: 1992, 39) Assim, O mez... passa a ser um convite a transitar entre o que é compreendido por literatura, cinema e jornalismo.
De recortes coletados ao longo de sua vida de pesquisador surge então esta “novella”, na qual os fragmentos de realidade ao deixarem seu espaço no jornal passam a relatar e a esconder fatos, tornando o leitor, co-autor e responsável por todo encadeamento do texto ou da ficção. Tais características possibilitam e exigem várias leituras de fundo teórico, plástico e literário, para que se dê conta de realizar um trabalho de leitura que vá além da simples crítica.
É com o intuito de explorar essa literatura que advém das formas passadas, como nos é apresentado através de O mez da grippe, que buscamos recuperar, a partir do modernismo, referências e fortuna crítica que nos auxiliem a ler Valêncio Xavier, não como démodé, mas como alguém que lê o presente “brincando” com o passado.


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