Este livro é o resultado do Simpósio 30 anos de O mez da grippe: contatos e contágios, realizado em Florianópolis em 2011.
O mez da grippe é um livro em que Valêncio Xavier
retoma algumas características próprias do fazer moderno e “brinca” com a ficção
e a realidade. Este jogo moderno é constituído de fragmentos, de textos, de
imagens de textos, ou de recortes. Valêncio Xavier incorpora magistralmente
os mais variados recursos plásticos e jornalísticos, o que faz de O mez da grippe um exemplo de escritura, tal
como nos ensinou Roland Barthes. Desse modo, a “novella” de Valêncio Xavier “é
uma galáxia de significantes, não uma estrutura de significados; não tem
início; é reversível, nele penetramos por diversas entradas, sem que nenhuma
possa ser considerada principal”. (Barthes: 1992, 39) Assim, O mez... passa a ser um convite a transitar
entre o que é compreendido por literatura, cinema e jornalismo.
De recortes coletados ao longo de sua vida de pesquisador surge então
esta “novella”, na qual os fragmentos de realidade ao deixarem seu espaço no
jornal passam a relatar e a esconder fatos, tornando o leitor, co-autor e
responsável por todo encadeamento do texto ou da ficção. Tais características
possibilitam e exigem várias leituras de fundo teórico, plástico e literário,
para que se dê conta de realizar um trabalho de leitura que vá além da simples
crítica.
É com o intuito de explorar essa literatura que advém das formas
passadas, como nos é apresentado através de O
mez da grippe, que buscamos recuperar, a partir do modernismo, referências
e fortuna crítica que nos auxiliem a ler Valêncio Xavier, não como démodé,
mas como alguém que lê o presente “brincando” com o passado.
Nenhum comentário:
Postar um comentário